Requalificação do Tanquim da Matiota
Ano: 2023
Estado: Proposta Vencedora, Concurso Público
Tipo: Requalificação Urbana
Local: Matiota, Mindelo
Entidade Promotora: Ministério do Mar e ENAPOR
O “Tanquim” da Matiota é palco para um extenso leque de usos e atividades. Apesar das sucessivas alterações ao longo da história, continua a ser prova da importância de verdadeiro espaço público, acessível a todos, sem restrições ou imposições de uso. Prova disso são os vários usuários do “Tanquim” e zonas adjacentes da Matiota que este concurso abrangia, nos diferentes períodos do dia ao longo do ano. Desde as primeiras aulas de natação, ponto de encontro para jovens e adultos, picnics de família, banhos de cães, miradouro para os mais graúdos, ponto de passagem em circuitos de atividade física, … a lista é longa.
Posto isto, é vital frisar que toda e qualquer intervenção a acontecer na zona da Matiota deverá primar, acima de tudo, por integrar a requalificação “Tanquim” na área da Matiota, e não somente numa parte, de modo a continuar a ser um espaço público de cultura e lazer, como sempre foi, como constava nos termos de referência do concurso. Foi fundamental articular a responsabilidade pública de qualificação dos espaço público e os equipamentos de utilização coletiva sem comprometer o legado do “Tanquim” e todo o investimento que virá a ser realizado na sua recuperação.
A premissa fundamental do projeto foi potencializar os usos de todos espaços através de gestos simples que respeitam os elementos e texturas naturais existentes. A ligação com o mar é enaltecida e as rochas marítimas da costa são mantidas sempre que possível, mantendo a tectônica particular do lugar - plástica, concreta e delicada.
O terreno, localizado na orla marítima da Matiota, apresenta vários declives, com cotas variadas desde o mar até ao nível mais superior. A proposta tira vantagem das curvas de nível do terreno para criar percursos que se conectam e complementam. Ao longo destes percursos, as árvores existentes são integradas criando zonas sombreadas. Para definir estes percursos, não de forma rígida mas de forma a poder proporcionar fluxos intuitivos entre as diferentes áreas, recorremos a elementos que vão além do seu uso comum: um muro também é banco; pisos seguem os percursos de água; bancos de pescas, serão lugares de contemplação. O edificado necessário (bar, esplanada, balneários) não se imporá sobre a paisagem. Pelo contrário, deve enaltecer as vistas para a Baía e, em especial, para o Monte Cara. Como tal os volumes são integrados na cota elevada do terreno, de modo a ficarem “escondidos”.
Com esta proposta, esperamos poder contribuir para a valorização do património histórico e cultural existente, enquanto elemento estruturante para a manutenção da identidade e reforço da diferenciação urbana.